Pequim alerta para “Caixa de Pandora” enquanto Trump eleva tarifas a 125%

A tensão entre Estados Unidos e China atingiu um novo ápice nesta quarta-feira (9), após o governo norte-americano anunciar um aumento das tarifas sobre produtos chineses para 125%. Em resposta, a China comparou o cenário atual à crise da Grande Depressão dos anos 1930 e alertou para os perigos de se abrir uma “Caixa de Pandora” econômica.

A declaração foi feita pela porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, que citou a Lei Smoot-Hawley de 1930 — medida protecionista dos EUA que agravou a recessão global ao desencadear uma onda de retaliações tarifárias por outros países.

O presidente Donald Trump justificou o aumento das tarifas dizendo que a China “sempre passou a perna nos EUA” e que agora seria a vez de “passar a perna neles”. Ele também afirmou que líderes internacionais estão “puxando seu saco” para negociar acordos bilaterais mais vantajosos, sinalizando disposição para conceder isenções temporárias a aliados estratégicos por até 90 dias.

Em Pequim, as reações foram imediatas. O governo chinês classificou as falas de Trump como “bullying econômico” e “atos de intimidação”, reiterando que não deseja uma guerra comercial, mas não permitirá que “os direitos e interesses legítimos do povo chinês sejam violados”. A porta-voz declarou que a China está disposta a lutar “até o fim”.

Paralelo histórico: o alerta da Lei Smoot-Hawley

Ao citar a Smoot-Hawley, a diplomacia chinesa busca destacar os riscos de um ciclo de retaliações descontrolado. A lei de 1930 aumentou acentuadamente as tarifas de importação dos EUA, o que levou à resposta de outras nações e, por consequência, à redução drástica do comércio internacional — um dos fatores que agravaram a Grande Depressão.

Cronologia da escalada tarifária

Início de fevereiro: EUA impõem tarifa extra de 10% sobre produtos chineses, elevando o total para 20%.

2 de abril: Trump anuncia “tarifas recíprocas” e sobe a taxa para 54%.

China responde: Pequim adota tarifas de 34% sobre importações americanas.

Nova reação dos EUA: A Casa Branca eleva as tarifas para 104%.

Escalada final: Trump sobe a taxa para 125%, com promessa de redução temporária para aliados.

A guerra comercial entre as duas maiores potências econômicas do planeta lança dúvidas sobre o futuro do comércio global, reacendendo temores sobre uma possível recessão internacional. A referência à Grande Depressão serve como um alerta contundente: quando potências escolhem o confronto tarifário em vez da cooperação, os danos podem ser profundos e duradouros.

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