Dormir bem é fundamental para manter um estilo de vida equilibrado e saudável. O sono não apenas proporciona descanso, mas também desempenha um papel essencial na recuperação do corpo e da mente, influenciando diretamente o bem-estar diário. Apesar de se dizer frequentemente que oito horas é o ideal, a verdade é que cada pessoa tem suas próprias necessidades, e a qualidade do sono pode ser tão ou até mais importante do que a quantidade.
“Na verdade, cada um de nós tem uma necessidade de sono individual. Gosto de comparar a quantidade de sono necessária com a quantidade de calorias que precisamos ingerir para viver. Alguns precisam de mais, outros de menos”, explica o otorrinolaringologista Dr. Paulo Reis, especialista em medicina do sono.
Por isso, é essencial compreender suas próprias necessidades em relação ao tempo de sono. “Oito horas é o padrão para a maioria das pessoas, em média, mas há aqueles que precisam de mais ou de menos. Adolescentes e gestantes, por exemplo, tendem a necessitar de mais horas de sono em comparação com sua rotina habitual”, ressalta o médico.
Dormir mais não significa dormir melhor
A qualidade do sono vai muito além do número de horas dormidas. Segundo o Dr. Paulo Reis, simplesmente dormir a noite toda não garante um sono de qualidade. “Muitas pessoas acreditam erroneamente que dormir muito ou dormir sem interrupções é sinônimo de uma boa qualidade de sono. No entanto, isso nem sempre é verdade. Se você teve um sono superficial ou fragmentado, por exemplo, terá uma qualidade de sono ruim, mesmo tendo dormido a noite toda”, destaca.
Além disso, algumas doenças podem afetar a qualidade do sono. “Doenças intrínsecas do sono, como ronco, apneia do sono e síndrome das pernas inquietas, por exemplo, são comuns na população e prejudicam a qualidade do sono. Muitas vezes, são condições desconhecidas ou negligenciadas”, acrescenta.
Fatores que influenciam o descanso
De acordo com o otorrinolaringologista, dormir bem envolve ter um tempo suficiente para que o cérebro e o corpo descansem e se recuperem, porém, vai além disso. “Um sono de qualidade inclui outras variáveis, como continuidade durante a noite (sono contínuo com poucos despertares e interrupções), estágios normais de sono (do mais leve ao mais profundo e ao REM) em proporções adequadas e regularidade nos horários de dormir e acordar de acordo com as individualidades de cada pessoa”, afirma.
Para avaliar a qualidade do sono, é importante considerar:
- Profundidade: quantidade adequada de sono profundo e REM;
- Continuidade: poucos despertares noturnos;
- Horários: alinhamento de horários de dormir e acordar conforme o relógio biológico de cada indivíduo.
Do ponto de vista prático, a qualidade do sono é demonstrada ao acordar descansado, com energia e concentração suficientes durante o dia, sem a necessidade de estimulantes, como cafeína, e sem sonolência para realizar as atividades diárias”, destaca o médico.
Importância da regularidade do sono
Além da quantidade de horas, um sono de qualidade requer regularidade. “A regularidade do sono significa horários consistentes para deitar e acordar, incluindo nos fins de semana, mantendo uma variação máxima de uma hora para mais ou para menos”, ressalta o Dr. Paulo Reis.
É extremamente importante adotar hábitos durante o dia que favoreçam uma rotina de horário para dormir. “Expor-se à luz natural pela manhã, reduzir a exposição a luzes fortes à noite, evitar cafeína após o almoço e álcool próximo à hora de dormir, praticar exercícios regularmente, criar uma rotina relaxante antes de dormir e manter o quarto escuro, silencioso e confortável ajudarão a manter essa regularidade”, aconselha.
Além disso, é importante desacelerar para descansar bem durante a noite. “As pessoas têm tido dificuldades em estabelecer horários de dormir devido às demandas profissionais e sociais. Somos muito estimulados à noite, um período em que deveríamos estar relaxando. Atualmente, tenho incentivado o uso do despertador não para acordar, mas sim para lembrar a hora de dormir”, explica o especialista.
Cuidado com os cochilos durante o dia
O médico faz uma ressalva especial quanto ao hábito comum de tirar cochilos durante o dia para compensar a falta de sono durante a noite. “O cochilo diurno pode ser utilizado para complementar as horas de sono perdidas na noite anterior. No entanto, é importante lembrar que o sono durante o dia não tem a mesma eficácia e qualidade do sono noturno”, destaca o Dr. Paulo Reis.
É fundamental ter cuidado com cochilos longos para não prejudicar a qualidade do sono noturno. “Cochilos prolongados (acima de 40 minutos) tendem a dificultar o sono na noite seguinte”, acrescenta o especialista.
Dormir bem impacta a saúde física e mental
Cuidar da qualidade do sono adequadamente, além de garantir uma quantidade suficiente de horas de sono, é essencial não apenas para o bem-estar e disposição durante o dia, mas também para a manutenção da saúde e prevenção de diversas doenças, desde hipertensão até diabetes.
Manter a quantidade adequada de sono na hora certa, sempre mantendo a regularidade nos horários de dormir e acordar, melhora significativamente a produtividade física, mental e emocional, prevenindo uma série de doenças”, conclui o especialista em sono.
Por Maria Claudia Amoroso