A adolescência nunca esteve tão em alta. Nas redes sociais, nas salas de aula, nas rodas de conversa entre pais e até nas produções de streaming, o tema voltou ao centro do debate. E não é à toa: trata-se de uma fase intensa, cheia de descobertas, desafios e transformações — físicas, emocionais e sociais. Para entender melhor esse turbilhão de experiências, conversamos com a especialista em comportamento adolescente, Elizandra Souza (@elizandra_souza_), que traz reflexões importantes sobre esse momento crucial da vida.
Desenvolvimento além do corpo
“A adolescência não é só puberdade. É um período em que o jovem começa a construir sua identidade, testando limites, valores e crenças. É natural que haja conflitos, pois o cérebro ainda está em formação, especialmente as áreas ligadas ao controle emocional e tomada de decisões”, explica Elizandra.
Esse desenvolvimento exige paciência e presença. É um tempo de semeadura, onde o acolhimento e o diálogo fazem toda a diferença no cultivo da autoestima e da autonomia.
Relação com os pais: entre o distanciamento e a conexão
Se por um lado muitos adolescentes parecem se afastar da família, por outro, ainda precisam — e muito — da presença dos pais. “Eles querem autonomia, mas ainda buscam segurança. O segredo está em construir uma relação de confiança, onde o jovem saiba que pode errar, aprender e voltar para casa sem medo de punições destrutivas”, destaca Elizandra.
Escola: palco de descobertas e pressões
A escola é um dos principais ambientes de socialização do adolescente, mas também pode ser fonte de angústias. A pressão por desempenho, os conflitos entre colegas e a dificuldade de se encaixar em padrões são comuns.
“A escuta ativa por parte dos educadores e um ambiente que acolhe a diversidade são fundamentais para que o adolescente se sinta pertencente e seguro”, pontua a especialista.
Bullying: um alerta que precisa ser constante
Infelizmente, o bullying ainda é uma realidade em muitas escolas — e agora, potencializado pelas redes sociais. Elizandra alerta: “O impacto emocional do bullying pode ser devastador. É preciso olhar com seriedade para isso e fortalecer programas de prevenção e acolhimento nas instituições.”
Sexualidade: informação é proteção
Falar sobre sexualidade de forma aberta e responsável é uma das formas mais eficazes de promover segurança e respeito entre os jovens. “O silêncio gera desinformação. Precisamos garantir que o adolescente tenha acesso a informações verdadeiras, sem tabus, para que ele possa fazer escolhas conscientes e seguras”, afirma Elizandra.
Por que todo mundo está falando disso?
A série Adolescência, que viralizou recentemente, ajudou a escancarar questões que estavam abafadas ou mal compreendidas. “Estamos vivendo um momento importante, onde falar sobre adolescência não é mais um tabu — é uma urgência. A sociedade precisa olhar para os adolescentes com empatia, respeito e responsabilidade”, finaliza Elizandra.
Mais do que uma fase, a adolescência é um terreno fértil para formação de indivíduos mais conscientes, autônomos e saudáveis emocionalmente. E essa construção depende de todos nós.
Sarah Monteiro de Carvalho 994985286 [email protected]